segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pedro Barroso: 40 anos de cantigas...



O cantor Pedro Barroso, a celebrar 40 anos de carreira, defende que a "canção tem que consubstanciar algumas reflexões" e, não rejeitando "o fazedor de chulas" que foi, afirma que "faz música bonita com palavras inteligentes".

O músico actua dia 24 na Casa das Artes de Arcos de Valdevez e no dia seguinte no Pavilhão Multiusos, em Cabeceiras de Basto.

Pedro Barroso define o álbum "Menina dos Olhos d'Água" como um "ponto de charneira" da sua carreira.

Em declarações à Agência Lusa, afirmou: "Há um antes e um depois da 'Menina [dos Olhos d'Água']. Durante muito tempo fiz coisas que me encomendavam editorialmente, para vender, podia ter ficado por aí, pelo fazedor de chulas populares, mas desde há 20 anos que mudei de rumo".

"Desde então" - prosseguiu - "comecei a fazer o que me dava prazer e tivesse a profundidade que eu desejava".

Hoje, o que faz "dificilmente se pode considerar popular", disse, acrescentando que recusa "a canção anódina e destinada a vender, fabricada em computador".

"Talvez por isso é que continuo a ser um artesão de canções", enfatizou.

Referindo-se aos 40 anos de carreira, Pedro Barroso afirmou que "foram anos em que se passou muito coisa, desde a conquista da democracia à mudança de século".

"Em 1969, quando comecei, tive problemas com a Censura política e ainda me lembro de terem cortado poemas no dia da minha estreia no programa da RTP 'Zip Zip'", recordou.

Hoje lamenta que as rádios e as televisões "não passem" não só a sua música, mas a música portuguesa em geral, tanto mais que considera que "há pessoas que se revêem" no que compõe e interpreta.

"Enchi a Praça do Giraldo, em Évora, com 5.000 pessoas e tive outros milhares no Crato, Freamunde, Santo Tirso ou no Centro de Artes e Espectáculos, em Sines", realçou.

Pedro Barroso fez reparos à comunicação social: "Nem uma linha escreveu, apesar de ter lotado duas importantes salas em Paris, a Paul Valéry e a Jacques Brel", lamentou.

Depois de Arcos de Valdevez e Cabeceiras de Basto, actua dia 01 de Maio em Ponte de Lima.


Previsto tem também o Teatro S. Luiz, em Lisboa, dia 03 de Dezembro, e "a Casa da Música, no Porto, que parece ser só para amigos de amigos, mas estamos a negociar", disse.

O encerramento das comemorações está previsto para a sua terra natal, dia 12, no Teatro Virgínia, em Torres Novas.

Depois das comemorações, Pedro Barroso afirmou que irá "tirar uma licença sabática e talvez editar mais ou dois CD".

"Irei dedicar-me mais ao Pedro Chora, pintor, que é uma outra faceta minha, e ao Pedro Barroso escritor, cantigas, só mais um ou outro disco", acrescentou.

Mas guarda da carreira artística "gratas recordações" e tem "um mundo de abraços" pelos muitos que espalhou e diz que se não fossem as cantigas "não tinha conhecido mundo".

"Sensualidade" e "Navegador de Portugal" são os seus dois álbuns mais recentes, "com a temática de sempre: Portugal, a nossa história, a ternura, a intimidade humana, o desejo de uma vida de prazer e uma atitude mais humanista".

"Música bonita e palavras inteligentes, talvez uma veleidade minha", rematou.

in DN online, 20-4-2009



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