quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pete Best: Memórias de um 'Beatle' esquecido...


- Pete Best, o primeiro baterista dos Beatles -


Apesar de ter sido despedido, Pete Best recorda hoje que é ainda o baterista com mais horas de palco com os Beatles.

A revista Veja encontrou-o recentemente em Porto Alegre, disfarçado de estrela rock'n'roll com juízo: o amante de guitarras e baterias que acabou como pai de família e protagonista de um casamento de 40 anos. O comportamento não é o de um herói dos palcos simplesmente porque Pete Best nunca o foi. Primeiro baterista dos Beatles, quando os messias da música popular não tinham ainda descoberto qual a sua missão, Best esteve recentemente no Brasil com a sua banda, propósito suficiente para motivar um desfilar de memórias gloriosas e trágicas.

Na entrevista que concedeu à publicação brasileira, Pete Best demonstrou que a felicidade de hoje não significa o esquecimento de quem escapou "por-um-bocadinho-assim" àquela que seria a mais brilhante carreira que poderia ter vivido enquanto músico: ser um beatle. Se esse é o sonho de qualquer humano que alguma vez se tenha apaixonado por um refrão assinado pelos Fab Four, o que dirá quem deles fez parte. Não sabemos se é rancor, mas caso não seja, o disfarce não é o melhor: "John Lennon: génio. Paul McCartney: génio. George Harrison: génio. Ringo Starr: baterista." Foram estas as palavras de quem foi despedido por, reza a lenda, concentrar todas as atenções do exigente e importante público feminino. Naturalmente, a história que temos como oficial está assente em factos bem distintos.

Nascido em 1941, Pete Best chegou a Liverpool com quatro anos, vindo da Índia, ponto de partida da família que fugia ao caos da futura ex-colónia. A história que separa tal data do início da década de 60 é igual à de quase todos os que se passeavam pelas margens do rio Mersey. A cidade portuária acolhia os sons vindos dos EUA, ópio de uma juventude que via no rock'n'roll a salvação dos tempos modernos. Pete era o baterista dos Black Jacks, a banda que ocupava com regularidade o bar The Casbah (propriedade da família Best). Foi aí que os Beatles encontraram o baterista ideal para a "residência" que preparavam nos palcos de Hamburgo, paraíso hedonista que foi perfeita rampa de lançamento de uma carreira em construção. Pouco depois, era vê-los a desfilar pelas ruas da cidade alemã, entre palcos e desventuras - Best esteve mesmo detido pela polícia de Hamburgo durante três horas, com Paul McCartney.

Por lá despertaram os olhares curiosos de gente influente. Primeiro de músicos, como Tony Sheridan, que convidou os Beatles para serem a "sua" banda na gravação do tema My Bonnie (editado em 1961). Mais por empresários do meio. Brian Epstein seria o manager do grupo, o mesmo que, depois de falhada uma audição para a Decca, levou os Beatles até Abbey Road, para uma demonstração perante os executivos da Parlophone. Reza a história que George Martin, o futuro produtor dos Beatles, concordou em assinar contrato com o grupo apenas se os serviços de Pete Best fossem dispensados. Eventualmente, a condição imposta foi respeitada, abrindo vaga para a inscrição de Ringo Starr na história da música pop.

É aqui que a história se divide. Este será por ventura o relato mais diplomático. Cynthia Lennon lembra, no seu livro John Lennon (Bizâncio), que "John, Paul e John tinham concordado que não queriam Pete na banda. […] O seu rosto não encaixava. Os rapazes queriam alguém com quem pudessem divertir-se, alguém que partilhasse o seu irreverente sentido de humor". Já Geoffrey e Avalon Giuliano (autores de Beatles - A História Secreta, publicado entre nós pela Ulisseia) escreveram que "muitos apontaram o facto de a sua mãe se intrometer constantemente", pelos con- tactos que tinha em Liverpool e actuando quase como uma segunda manager. Ao mesmo tempo, reforçam a ideia de que "provavelmente acabou por ser o modo de Pete Best tocar bateria que levou à sua queda em desgraça".

Qualquer que tenha sido o motivo, Pete Best embarcou num percurso depressivo que o levou a tentar o suicídio. Brian Epstein ofereceu os seus préstimos para que Best pudesse refazer a sua vida artística, mas este recusou, tendo assumido pessoalmente tal tarefa sem nunca ter alcançado sucesso.

Entre outros, formou os Pete Best & The All Stars, Pete Best Four e o Pete Best Combo antes de desistir dos palcos para se tornar funcionário público. Actualmente passeia-se pelo mundo com a Pete Best Band, o grupo que lhe deu trabalho regular como nunca até aqui. Ainda que continue a afirmar que nenhum baterista teve tantas horas de palco com os Beatles como o próprio Pete Best.

in DN online, 06-5-2009

- Paul, John, PETE e George -


1 comentário:

Tonný disse...

Tá explicado porque no incio dos Beatles as fãs preferiam o Pete ao Ringo, ele era bonitinho...